Pesquisadores dos quatro cantos do mundo reuniram-se virtualmente nos dias 15, 16, 17 e 18 de Março de 2021 para discutir avanços, desafios e soluções para continuar a investigação da epidemia do vírus Zika e suas consequências. O Coordenador da Rede Zika de Ciências Sociais, Gustavo Matta, saudou a audiência e apresentou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. Ela elogiou a participação da Fiocruz na Zikalliance como uma grande oportunidade para melhorar, compartilhar e trocar experiências a nível global.
A presidente da Fiocruz, no segundo mandato á frente da instituição, reforçou o papel crucial do Sistema Único de Saúde (SUS) da identificação da causalidade pelo Zika do aumento dos casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos em bebês. "Acredito que as emergências de saúde devem ser vistas como uma questão social, pois envolvem todas as instituições da sociedade - sanitárias, científicas, econômicas, políticas, religiosas e culturais". É por isso que é essencial ter uma abordagem interdisciplinar para responder a estes eventos", destacou.
O Embaixador da União Europeia no Brasil, Ygnacio Ibañez, defendeu uma cooperação internacional contínua para emergências de saúde. "Doenças como esta, a infecção pelo vírus Zika, não respeita fronteiras, por isso os cientistas de todo o mundo devem unir-se para combatê-las", disse ele. O adido para a ciência e tecnologia da Embaixada da França, Nacer Boubenna, lembrou a cooperação científica duradoura e frutífera entre a França e o Brasil. "O financiamento da preparação, da prevenção através da pesquisa é a resposta para aplicar rapidamente diagnósticos, tratamentos que ajudarão as pessoas", concluiu.
Gustavo Matta, também desempenhando o papel de mestre da cerimônia, justificou a ausência do Secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, devido à situação crítica da Covid-19 no Brasil. Depois disso, a fundadora da Associação aBRAÇO à Microcefalia, Joana Passos, agradeceu a todos em nome das famílias afetadas pela epidemia do vírus Zika há 6 anos. Ela descreveu as incertezas em relação à gravidez; apontou os determinantes sociais que trouxeram o vírus Zika para suas vidas.
Joana não negou a resposta do sistema de saúde brasileiro, mas salientou que isso não é suficiente. “Nós mulheres, principais e muitas vezes cuidadoras exclusivas, nos encontramos sozinhas, precisamos renunciar a nossos trabalhos, nossas vidas, nossos sonhos, muitas vezes de nós mesmas. Vivemos uma intensa rotina de cuidados com as nossas crianças, não conseguimos fazer preventivo, ou cuidar de nossa saúde física muito menos emocional. Fomos esquecidas, invisíveis...”, ela desabafou. O depoimento da pessoa mais afetada pela epidemia do vírus Zika encerrou a cerimônia.
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