
05 anos sem Ginecologista!

A ONG aBRAÇO foi fundada em 2016, após nascimento de inúmeras crianças diagnosticadas com Microcefalia e outras malformações no sistema nervoso central, devido ao surto de Zika que ocorreu entre Abril de 2015 e Novembro de 2016, e atualmente acolhe 300 famílias atingidas brutalmente pelo vírus.
Os desafios são muitos e com o crescimento das crianças eles aumentaram consideravelmente. Mas não podemos esquecer que apesar de todos os desafios que envolvem as crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV), seus familiares - principalmente mães solos - foram igualmente atingidas pelo surto.
São vários os danos causados as famílias:
falta de acolhimento;
demandas psicológicas;
demandas psiquiátricas;
dedicação exclusiva aos cuidados da criança;
desemprego;
dificuldade em estabelecer renda extra;
dificuldade em acessar benefícios sociais;
dificuldade em acessar médicos e afins;
entre outros.

A maioria das famílias são compostas por mulheres negras - mães solos - e seus filhos. Algumas delas possuem apoio através de parentes (avós, tios ou irmão), mas a maioria é sozinha e precisa se dedicar exclusivamente aos cuidados da criança.
Diariamente se deslocam para médicos, reabilitação, busca por assistência social e/ou jurídica, filas para retirar a medicação, entre outras demandas que vivem e não são poucas.
Mas e elas?
Quem cuida dessas mulheres e pais?
Quem zela por sua saúde?
Pelo seu bem-estar?
Qual a última vez que ela foi ao médico?
Ou até mesmo, quando teve a oportunidade de passar um dia inteiro sozinha e se cuidando?
A maioria dessas mulheres não são atendidas por Ginecologista há 05 anos!
As necessidades gritam, elas fingem que está tudo bem e seguem levantando todos os dias e se dedicando aos seus filhos.

O surto de Zika deixou marcas que ainda precisam ser cuidadas e abraçadas. A Pandemia revira esse turbilhão de sentimentos e nos apresenta novos desafios, e em paralelo ao corona vírus, vemos surgir uma pandemia de medo e estresse.